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Eric Alcântara - Parte 1

Eric Alcântara, uma história escrita por Daniel Amorim.

Uma observação aos leitores

Caros leitores, gostaria de começar meus relatos apenas avisando que originalmente eles deveriam ser lançados como arquivos áudios, ou podcasts como estão chamando agora, no entanto ao perceber que minha narrativa, junto com minha voz ficou uma incrível merda, decidi então transcrever eles para cá, com as devidas adaptações é claro, e não omitirei nada do que foi falado, incluindo frases aleatórias que por ventura podem aparecer no texto, sendo de minha autoria ou não.

Capítulo 1 – Uma breve apresentação

Eu acho; que agora, depois que tudo aconteceu, posso, com certeza, dizer que a minha vida começou quando eu escutei a palava: “Condenado!”no tribunal. Claro que a situação lá na hora não era a mais favorável, afinal eu era quem estava sendo condenado, e os motivos sobre eu ser condenado podem ser considerados como questionáveis, no mínimo.
Você meu caro, pode argumentar que roubos, furtos, vandalismo, desacato a autoridade, incitação a violência, formação de quadrilha e furar a fila do banco não são crimes questionáveis, mas eu discordo e não ligo para sua opinião.
Meu nome é Eric Alcântara – Geralmente as pessoas do meu meio costumam ganhar algum apelido para seguir junto ao seu nome, no meu caso eu sou o Diferentão. Loiro, cabelos grandes e bagunçados, bem bagunçados, olhos claros, uma cicatriz em formato de raio na parte direita do meu rosto, rosto esse que é bem magro, e marcado pela guerra nas ruas, meu porte não é o mais atlético, apesar de eu ser magro, pelo menos consigo correr dos policiais, então não posso exigir nada mais. Essa não é a minha história, mas a história que eu quero contar sobre mim, e se você pensa que em algum momento eu virarei o herói, ou então irei me redimir dos meus pecados e entrar para a Universal, você está muito engando.

Capítulo 2 – Devidas explicações as leitoras

Minha cara leitora que considera ler todos os meus relatos até o fim, primeiramente um conselho, desista e reconsidere suas decisões na vida – Isso vale para os leitores também. E segundo apenas gostaria de me explicar sobre o por que, que sempre que eu me referi a quem me lê eu tratarei como sujeito masculino. Afinal não quero que vocês pensem que eu não as ache dignas de serem representadas, mas achei que sempre que eu for me referir a vocês eu terminar com o(a) ficaria no mínimo trabalhoso. Então decidi por escolher aleatoriamente qual gênero utilizaria, como joguei no bicho e deu touro, então fez mais sentido escolher o homem.

Capítulo 3 – Começando

Honestamente, não sei como deveria começar essa história, pensei em seguir Cubas, no entanto por algum infortúnio eu ainda estou vivo, pensei em começar desde quando eu nasci e contar como foi uma infância ao lado do epitáfio da minha mãe e das incríveis aventuras com meu pai alcoólatra, mas eu creio que isso não deva interessar vocês, eu poderia começar pelo momento que eu fui condenado, afinal vocês já estão familiarizados com ele, mas sinto que faltaria explicar coisas importantes.
Vou começar ela minha adolescência.

Capítulo 4 – Adendo

Ocultação de cadáver só é crime se você não ocultar direito.

Capítulo 5 – Adolescer

Eu costumava me chamar de revolucionário, os outros costumavam me chamar de baderneiro, eu pessoalmente não vejo diferença. Adolescência sempre foi um período complicado, bem que podiam ter me avisado isso um pouco mais cedo, acabei crescendo achando que aquilo era só comigo – E com meus amigos desvirtuados.
Foi nessa época em que eu fiz a transição do garoto tímido para o adolescente louco desvairado, isso segundo meu agente da condicional, eu pessoalmente não sou a favor da ideia de usar louco como termo para representar quem luta contra as injustiças e males desse mundo, para mim esses são os mais sãos entre nós. No me caso eu acho que o mais correto seria meio louco desvairado.
Estudei a vida toda em escola pública, e por incrível que pareça, eu terminei o ensino médio entre os melhores da turma – Sou baderneiro, não burro. É foi uma época de altos e baixos, então vou contar apenas as partes que eu achar interessante
Bem, se fosse para eu escolher um momento para dar início a minha adolescência seria quando eu me apaixonei ela primeira vez – Sim, meio loucos desvairados também se apaixonam, e não, isso não vai virar um romance melo dramático, pode ficar tranquilo. Mas aquilo sim é que foi um choque, a começar pelo fato de que eu simplesmente não sabia como amar alguém, pela primeira vez na minha vida eu me senti próximo a outra pessoa, a sensação disso é completamente indescritível.

Capítulo 6 – Ah, o amor…

Eu tinha 14 anos na época, era bem mais baixo do que sou hoje, conseguia ser mais magro também, mas o rosto é o mesmo, sempre foi o mesmo – Na verdade eu ainda não tinha a cicatriz. Ainda era a primeira semana de aula, numa quarta ou quinta feira, enfim não importa. Meu pai ainda não havia chegado de seja lá qual bar ele estava, então era mais um dia indo a pé para a escola, nada que eu não estivesse acostumado.
Avistei ela já pela metade do caminho, do outro lado da rua ha bem uns cem metros de distância, talvez menos mas eu não estava com uma trena na hora, tinha cabelos castanhos um pouco maior que o pescoço, começavam lisos e terminavam cacheados.
Quase tropecei enquanto a observava, alguma coisa me chamava a atenção nela, talvez eu só fosse estúpido mesmo, segui meu caminho, desta vez prestando atenção por onde eu andava até que perdi ela de vista. Não cheguei a ficar triste, nem algo parecido, tinha mais problemas para lidar, mas por algum motivo a imagem dela montou uma barraca na minha mente e decidiu ficar por lá.
Fiquei assim até o intervalo, quando decidi sair para tomar um ar, já não aguentava mais olhar para aquele professor, e foi ai que esbarrei nela e tive uma bela visão do seu rosto, olhos castanhos como o cabelo, nariz fino e boca vermelha como sangue.
Ela me pediu desculpas e falou que estava perdida, eu como boa pessoa que sou me ofereci para guiar ela pela escola, se não me engano ela tava atrás da cantina ou coisa do gênero.
Vou poupar vocês do papo de adolescente apaixonado que aconteceu nesse tempo e listar as coisas que eu descobri enquanto falava com ela: ela tinha acabado de se mudar para Potiguatu, seu nome é Sophia, vivia trocando de cidade, não gostava de falar da família dela – Nos entendemos bem nessa parte, ela gostava muito de livros, chegou a me emprestar alguns na época, e ela beija bem também.

Capítulo 7 – …Como entender

Passaram duas semanas assim, nos encontrávamos na maior parte das vezes no intervalo, ficávamos de namoro por lá e depois voltávamos para a sala, ela não gostava de me ver na saída, nunca entendia o por que, certa vez eu perguntei mas a única resposta que tive foi a de não quero que meu pai nos veja, não me convenci.
Sim, eu era muito chato na época.
Pensei que enquanto nós estivéssemos juntos isso não me incomodaria, e bem, eu estava enganado, como sempre. Um dia ela estava muito mais agitada que o normal, não prestava atenção em nada que eu falava, o que pessoalmente eu acho bastante irritante, olhava para os lados como se estivesse sendo seguida ou então como se estivesse sendo observada, não completava as frases que começava, e gesticulava muito, a um nível que me deixou assustado. Perguntei para ela se tinha acontecido algo e a resposta que eu tive foi:
—Olha Eric, hoje vai ser um dia complicado, meu pai vai me levar pro serviço dele e ele vai chegar aqui bem cedo, então hoje não vamos poder nos ver mais tarde tá?
Concordei, como se eu tivesse muita opção, e sempre que eu tentava falar sobre o assunto ela simplesmente fingia que eu não tinha falado nada. O intervalo acabou, ela se despediu com mais um beijo e foi pra sala dela. Eu sabia que tinha algo de errado, precisava agir, saber o que estava acontecendo, não podia deixar que algo atormentasse a minha amada.
Para que está se perguntando se deixavam os alunos namorarem na minha escola, teoricamente não. Mas como todo mundo sabia que os alunos iam dar um jeito de fazer isso as escondidas se fosse proibido de fato, então eles meio que toleravam isso desde que mantivéssemos a ordem, por mim uma troca justa.
Bolei meu plano, mataria a última aula e ficar esperando ela num esconderijo que eu tinha no pátio da saída, quando ela fosse embora eu seguiria ela para saber o que estava acontecendo com ela e com o pai dela que a deixou tão agitada.
Pensando bem esse plano agora parece bastante doentio, mas fazer o que, tente explicar isso para um garoto de 14 anos.
Esperar foi com certeza a pior parte disso tudo, pode ter demorado apenas dez minutos, mas para mim naquela hora me pareceu mais de um século. Eu tava ansioso, olhava para todos os lados e meu coração acelerava sempre que eu escutava passos por perto, qualquer pessoa podia ser ela, pior do que isso, poderiam me achar no meu esconderijo. Se eu ganhasse um real para cada vez que eu pensei em desistir naquela hora eu estaria rico hoje e provavelmente não teria ido pra prisão por causa disso, no máximo uns trabalhos comunitários, mas sempre que isso me passava pela cabeça algo bloqueava, minha mente simplesmente não concebia a ideia de deixar a pessoa que eu gostava numa situação como aquela, ela fazia eu me sentir bem comigo mesmo além de me fazer esquecer os problemas, precisava retribuir de alguma forma, e aquela era a forma que eu tinha achado.
Ela apareceu, junto com ela seu pai, um cara alto, forte, careca e usava óculos, parecia o Foucault disfarçado. Ele parecia ter força pra conseguir levantar uns dez eus tranquilamente. Assustador.
Foucault e ela seguiram a passos largos, virando a esquerda na esquina, ele parecia alguém mais confiante como se tivesse cumprindo algum propósito, enquanto ela olhava para os lados com um olhar de apreensão e nervosismo. Esperei eles para dar uma vantagem de distância, não queria que eles percebessem que eu estava atrás deles, e comecei a segui-los. O caminho era sinuoso, rodavam por ruas que eu nem sabia que existiam – duvido da existência delas até hoje na verdade – algumas vezes eu acabava perdendo eles de vista em alguma esquina, ficava vagando pelo nada até encontrá-los em outra, e assim seguia minha aventura.
Foram vinte minutos de caminhada entre sustos, disfarces e correria atrás deles, nunca pense que seguir alguém fosse tão complicado, mas aparentemente eu levava jeito pra coisa uma vez que eles basicamente não suspeitaram de mim por nenhum momento, ou se suspeitaram foram muito burros para continuar como se não fosse nada.
Os terrenos começavam a ficar cada vez mais baldios, a cidade ia desaparecendo como plano de fundo, o sol de meio dia começava a me incomodar, e eu estava começando a achar que tudo aquilo era uma grande perda de tempo e que meu almoço esfriaria, mas antes que eu pudesse reclamar de algo eles sumiram mais uma vez.
Segurei um pouco o ritmo e encostei num muro coberto de musgo que tinha naquela esquina e tentei escutar os passos deles, mas havia um silêncio sepulcral, então fiquei parado ali mesmo, lembro das minhas pernas tremendo naquela ocasião com toda a tensão daquele momento, eu já estava lá e não podia mais recuar.
Uns dois ou três minutos se passaram no silêncio onde o único barulho era o tremor das minhas pernas e minha respiração ofegante que eu tentava controlar.
Então eu escutei um barulho vindo ha uns cinquenta metros de mim, um baque surdo, seguido por algo sendo arrastado. Criei coragem e fui até a fonte do barulho, algo me dizia – provavelmente a lógica, já que não tinha mais nada lá – que era ali que eu encontraria Sophia e tudo se resolveria como um passe de mágica. Fui caminhando encostado no muro arrastando um bocado bom de musgo comigo até encontrar uma entrada, que na verdade era um buraco pequeno no muro, parei ali do lado e respirei fundo, era a minha hora.
Eu lembro daquele cenário como se fosse ontem, poderia descrevê-lo aqui para vocês até os mínimos detalhes desde a parede amarela de fundo até o efeito que a luz do só provocou no chão de terra, ou então o pequeno depósito que ficava a minha direita, mas eu vou focar naquilo que é importante.
Pá nas mãos do Foucault, Sophia extremamente assustada com o fato de eu ter aparecido, um buraco que estranhamente mais parecia uma cova rasa, e um saco de plástico preto cadavéricamente suspeito. Acho que não preciso expor mais detalhes que isso para entender o que estava acontecendo por lá.
Eu não sabia o que pensar na hora, na verdade sabia, mas não queria aceitar, ela não seria capaz de fazer isso comigo, seria?
Foram cinco segundos muito longos, passou cada coisa pela minha cabeça naquela hora, mas o que mais me chamou a atenção foi a perplexidade no rosto dela, como se seu mundo tivesse desabado de uma hora para outra, e tudo que ela construiu se desmoronasse como um castelo de areia, incrível como mesmo numa situação dessa nós conseguíamos nos entender tão facilmente, experimentar a mesma sensação. Olhei para o pai dela e percebi que eu de fato não era lá muito bem-vindo naquela hora, foi então que decidi ir embora, antes que tivesse outro buraco que estranhamente mais parecia uma cova rasa, e outro saco preto cadavéricamente suspeito com o meu formato.
É, acho que esperar nem foi a pior parte no final de contas.

Capítulo 8 – Sofria

Voltei correndo para casa, me internei no meu quarto por horas, chorando mesmo não vou negar essa parte, eu estava completamente abalado com tudo, precisava de um tempo para digerir, ou simplesmente aceitar tudo que havia acontecido, a pergunta que mais pairava na minha cabeça era: “Como raios é que eu vou falar com ela depois disso?”
Com o tempo percebi que foi uma preocupação atoa, ela não foi mais para o colégio no outro dia, nem no dia depois do outro, ou no restante da semana, ou as outras semanas. Quando fui perguntar o que tinha acontecido com ela a um coordenador que era mais um amigo meu, descobri que ela tinha saído da escola, e também tinha se mudado, foi algo tão rápido que nem deu tempo de ela levar as coisas que tinha guardado na escola, o mais engraçado foi que deu tempo de ela levar minhas esperanças, e também o restante da minha sanidade.
Uns bons anos depois eu descobri que o pai dela trabalhava para o governo, era um militar que tinha como função dar um destino apropriado as vítimas de “acidentes” enquanto depunham espontaneamente para o governo depois do AI5. E que também era um cargo bastante sigiloso, então sempre que havia uma suspeita do que ele fazia ele mudava de cidade, mas continuava com a função, uma pena eu ter conhecido ele no dia de levar os filhos para o trabalho.

Capítulo 9 – Pausa para o café.

Nesse momento na gravação eu decidi sair para fazer um pouco de café para me acompanhar futuramente, decidi fazer a mesma coisa enquanto escrevo, e recomendo você leitor a fazer o mesmo, ler enquanto toma café é uma experiência bastante agradável, se você não for fan de café você pode experimentar fazer algum tipo de chá.


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